Oftalmologista Dr. Matheus Sticca

Corpo Estranho Superficial: Córnea e Conjuntiva

Olho RASPANDO?
ENTROU cavaco, fagulha, inseto ou areia?
O QUE ACONTECE se algo entrar no meu olho?

ENTENDA e SAIBA o que fazer

Às vezes, pequenos objetos ou partículas, como poeira, areia, pedaços de metal ou ciscos, podem entrar nos nossos olhos. Quando isso acontece, chamamos de corpo estranho.

Qualquer coisa que entre no olho pode causar desconforto devido à grande quantidade de nervos na região.

Esses corpos estranhos devem sempre ser removidos, pois em casos mais graves podem levar a complicações sérias, inclusive à perda da visão.

Alguns corpos estranhos superficiais são fáceis de tratar, mas ainda assim são perigosos, especialmente quando afetam a córnea, que é uma parte importante do olho.

Fragmentos de ferro ou cobre, por exemplo, devem ser retirados mesmo que o paciente não sinta nada, pois são tóxicos e podem causar danos duradouros.

CORPO ESTRANHO: PRA ONDE VAI?

Na superfície do olho, um corpo estranho pode se alojar na conjuntiva ou na córnea. A córnea é a parte transparente na frente do olho, como uma janela, e a conjuntiva é a pele fina que cobre o branco do olho.

Nesses casos, o corpo estranho está na parte externa do olho e não entrou dentro dele.

Muitas vezes, o corpo estranho se aloja na parte interna da pálpebra superior, o que causa muito incômodo e pode machucar a córnea quando o paciente pisca. Para a sua retirada, é necessário realizar a eversão da pálpebra, desde que o globo ocular esteja íntegro.

Na córnea, corpos estranhos centrais podem induzir cicatriz e causar prejuízo na visão. Além disso, geralmente são mais dolorosos e podem levar a infecções, como a úlcera de córnea.

CORPO ESTRANHO: DA ONDE VEM?

Existem diversos tipos de materiais envolvidos nesses incidentes, como partículas de metal, grãos de areia, sujeira, material vegetal, pedra, vidro, madeira ou insetos.

Os setores mais afetados são o rural, a construção civil e a metalurgia. A falta de equipamentos de proteção adequados em atividades de alto risco contribui para a ocorrência desses incidentes. Por isso, afeta mais os homens jovens.

Outras formas de ter um corpo estranho no olho são através de ventos fortes, andar de motocicleta com a viseira levantada, picadas de insetos e traumas com plantas.

Corpos estranhos que contêm ferro devem ser removidos imediatamente, pois liberam um halo (anel) de aspecto ferruginoso típico que prejudica a cicatrização da córnea. Portanto, o paciente deve ser avaliado por um oftalmologista, a fim de evitar que a remoção incompleta desse halo possa causar um defeito de cicatrização ou até mesmo uma infecção, pois é porta de entrada para micro-organismos.

No caso de materiais de origem vegetal, além da inflamação mais intensa, existe uma associação com infecções, especialmente as causadas por fungos.

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Corpo Estranho Metálico situado na região inferior da córnea (seta vermelha). Note um pequeno anel esbranquiçado circundando a lesão, indicando o início de um processo infeccioso.

SINTOMAS E O QUE FAZER

Normalmente, o paciente percebe a entrada do corpo estranho e apresenta sintomas como lacrimejamento, sensação de areia no olho, vermelhidão, ardência, dor, visão embaçada e sensibilidade à luz.

Na suspeita de um corpo estranho, é importante não coçar ou manipular o olho e buscar avaliação com um oftalmologista.

Não é recomendada a manipulação por outro profissional, devido à possibilidade de uma conduta inadequada, com remoção incompleta ou comprometimento da integridade do globo ocular.

Portanto, um exame oftalmológico detalhado é necessário para descartar a presença de outras lesões associadas e de um corpo estranho intraocular.

É importante conhecer o mecanismo de trauma e a provável natureza do corpo estranho, pois alguns materiais são relativamente inertes, como plástico e vidro, enquanto outros causam inflamação, como metais, matéria orgânica ou partes de insetos. Além disso, há o risco de contaminação microbiana.

O QUE PODE SER FEITO: TRATAMENTO E RECUPERAÇÃO

O tratamento consiste na remoção do corpo estranho, controle da inflamação e uso de antibióticos para prevenir infecções.

Crianças que não permitem um exame adequado e necessitem da remoção de um corpo estranho podem precisar de sedação para um exame oftalmológico mais adequado.

Frequentemente, é aplicado um curativo oclusivo (tampão) com pomada antibiótica para reduzir o desconforto do paciente, ou pode ser utilizada uma lente de contato terapêutica.

A recuperação costuma ser completa em alguns dias nos casos não graves, após a remoção do corpo estranho e um tratamento adequado.

O agendamento de retornos é personalizado de acordo com a gravidade do caso. Se o desconforto e a dor persistirem ao longo dos dias ou piorarem, se o olho ficar muito vermelho ou apresentar alguma mancha esbranquiçada, é obrigatória a reavaliação imediata com um oftalmologista.