Oftalmologista Dr. Matheus Sticca

Herpes Zoster Oftálmico

É contagioso?
Por que eu tive? Posso ter de novo?
Qual a melhor vacina? Já tive, devo me vacinar?
É tanto comprimido mesmo?

EXPLICANDO O HERPES ZOSTER

O Herpes Zoster é a reativação local do vírus da varicela-zoster em pacientes que já tiveram catapora. Trata-se do mesmo vírus que causa duas doenças distintas.

O vírus causador permanece em estado “dormente” (latente) em vários gânglios sensitivos do corpo após o episódio da catapora. Com o envelhecimento, ocorre uma diminuição da imunidade, o que faz com que o vírus se torne ativo novamente, ocasionando o Herpes Zoster em uma região inervada por um nervo sensitivo específico (dermátomo), de forma unilateral.

O Herpes Zoster é relativamente comum e sua ocorrência aumenta a partir dos 50 anos, especialmente em pacientes imunodeprimidos.

O HERPES ZOSTER É CONTAGIOSO?

Pode ser, mas não é altamente contagioso. Ao contrário da catapora, que é extremamente contagiosa e transmitida pelo ar.

O líquido presente nas vesículas formadas durante a fase mais aguda do Herpes Zoster pode contaminar alguém que nunca teve catapora por meio do contato direto. Quando essas pessoas são infectadas, desenvolvem catapora, não Herpes Zoster.

QUAIS OS FATORES DE RISCO PARA TER O HERPES ZOSTER?

Todas as pessoas que tiveram catapora correm o risco de desenvolver a doença.

Outros fatores de risco incluem: idade acima de 50 anos, imunocomprometimento, sexo feminino, presença de doenças crônicas (como diabetes, asma, DPOC), presença de estresse, histórico familiar, entre outros.

Dessa forma, é importante considerar a vacinação de indivíduos idosos com múltiplos problemas de saúde.

QUAIS AS FORMAS DE HERPES ZOSTER OFTÁLMICO?

O Herpes Zoster Oftálmico pode afetar o olho quando a região afetada é aquela inervada pela primeira e/ou segunda divisão do nervo craniano trigêmeo (quinto par craniano).

Pode ser muito perigoso devido ao risco de perda da visão, da qualidade de vida e até mesmo risco de morte. Mais de 10% dos pacientes apresentam comprometimento da visão.

As alterações que ocorrem na doença podem ser agudas, crônicas e/ou recorrentes.

A dor geralmente difere das outras dores sentidas pelo paciente e é descrita como coceira, agulhadas ou a sensação de “formigas andando no couro cabeludo”.

A dor aparece antes das lesões na pele, o que pode resultar em atrasos no diagnóstico e tratamento.

Lesões na ponta do nariz (“sinal de Hutchinson”) indicam uma maior probabilidade de envolvimento do olho.

A forma aguda ocular pode durar até 1 mês, mesmo após a melhora das lesões que ocorrem na pele.

A doença se manifesta de maneira muito variável, pois todas as camadas do olho podem estar envolvidas, desde a região mais superficial, como ceratites e esclerites, até as mais profundas, como uveítes, coriorretinites, neurites e inflamação da órbita.

A forma crônica e recorrente da doença ocular está presente em 25% dos pacientes. Alguns podem precisar de uma dose mínima de medicação por vários anos para controlar a inflamação ou as sequelas.

Os pacientes podem desenvolver neuralgia pós-herpética (dor crônica) e, raramente, acidente vascular cerebral (derrame).

A neuralgia pós-herpética é uma das principais complicações e ocorre em cerca de 30% dos pacientes com Herpes Zoster Oftálmico.

PRECISO TOMAR VACINA PARA HERPES ZOSTER?

O custo da vacina costuma ser alto e desencorajar muitos pacientes. No entanto, aqueles que tiveram Herpes Zoster e sofrem com as complicações crônicas da doença gostariam de ter sido vacinados.

Recentemente, no Brasil, estão disponíveis as 2 doses da Shingrix (vacina recombinante do Herpes Zoster), que é a nova vacina para o Herpes Zoster. Ela previne a doença em 90% dos casos e sua eficácia permanece em 85% após 4 anos. Pacientes com doenças imunológicas devem tomar a vacina apenas após avaliação do seu médico.

Anteriormente, a única vacina disponível era a Zostavax, que consiste em vírus atenuado, tendo uma eficácia bem menor, de cerca de 50%. Em alguns casos, pode até mesmo causar o Herpes Zoster. Além disso, sua proteção é de apenas alguns anos, sendo necessário tomar novas doses da vacina ao longo do tempo.

Devido às repercussões causadas pelo Herpes Zoster, há uma recomendação geral de que pessoas acima de 50 anos, sem contraindicações, tomem a Shingrix. Em indivíduos mais jovens, ainda não há consenso, e são necessários estudos adicionais para esclarecer essa questão.

POSSO TER HERPES ZOSTER DE NOVO?

Em um período de 8 anos, existe um risco de 6% de a pessoa desenvolver um novo episódio de Herpes Zoster.

TIVE HERPES ZOSTER OFTÁLMICO, DEVO ME VACINAR MESMO ASSIM?

O paciente que teve Herpes Zoster não gostaria de passar pela doença novamente. Ao mesmo tempo, é importante considerar a possibilidade de inflamação ocular recorrente.

Portanto, é recomendado adiar a vacinação até que a inflamação ocular esteja estável e monitorar o paciente após cada dose da vacina Shingrix.

O ponto principal é que, apesar dos riscos, a vacinação contra o Herpes Zoster é uma medida preventiva que pode preservar a visão e melhorar a qualidade de vida do paciente.

TRATAMENTO: É TANTO COMPRIMIDO ASSIM MESMO?

A dose é bastante elevada.

Pode ser feita com aciclovir, valaciclovir ou fanciclovir.

Pacientes que recebem o aciclovir na dose de 200mg precisam tomar 20 comprimidos por dia em muitas ocasiões!

Referências:
Alves, Milton Ruiz, Ana Luisa Höfling Lima, and Maria Cristina Nishiwaki Dantas. Doenças Externas Oculares E Córnea / Conselho Brasileiro De Oftalmologia. 4 ed., 2016.
Cohen, E. J., and B. H. Jeng. “Herpes Zoster: A Brief Definitive Review.” [In eng]. Cornea 40, no. 8 (Aug 1 2021): 943-49. https://doi.org/10.1097/ico.0000000000002754.
Izurieta, H. S., X. Wu, R. Forshee, Y. Lu, H. M. Sung, P. E. Agger, Y. Chillarige, et al. “Recombinant Zoster Vaccine (Shingrix): Real-World Effectiveness in the First 2 Years Post-Licensure.” [In eng]. Clin Infect Dis 73, no. 6 (Sep 15 2021): 941-48. https://doi.org/10.1093/cid/ciab125.
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Artigo escrito por Dr. Matheus Sticca, atualizado em 2023. Proibida a reprodução parcial ou total sem autorização. Contém apenas informações gerais sobre doenças oculares e não substitui avaliação oftalmológica.