Oftalmologista Dr. Matheus Sticca

Exames para o Ceratocone

Como fazer o Diagnóstico e Acompanhamento?

TECNOLOGIA AVANÇADA PARA DIAGNOSTICAR E MONITORAR

O ceratocone é uma doença progressiva que pode impactar negativamente a função visual do paciente e a qualidade de vida de maneira geral.

Testes mais básicos, que dependem dos sintomas de alteração visual, mudança anormal da refração, alterações na ceratometria e retinoscopia, e achados de biomicroscopia, são tipicamente clássicos da doença, mas todos apresentam o problema de serem detectados em fases mais avançadas do ceratocone.

Na maioria desses casos, a visão já está comprometida.

Com o desenvolvimento de tecnologias avançadas que conseguem detectar o ceratocone com alta sensibilidade e especificidade antes da perda da visão, juntamente com a habilidade de controlar a progressão da doença com o crosslinking, agora podemos preservar a visão.

O manejo moderno se baseia no diagnóstico do ceratocone o mais cedo possível e no monitoramento de qualquer evidência de progressão.

Devemos detectar a progressão ou diagnosticar pacientes que têm um alto risco de progressão para que o crosslinking seja considerado.

DIAGNÓSTICO SIMPLIFICADO

De modo geral, fazer o diagnóstico pode ser considerado como uma maneira de reconhecer padrões irregulares.

As córneas normais devem ser simétricas em praticamente todos os aspectos da topografia e da tomografia.

Lembre-se do seguinte: assimétrica, elevada, fina, aberrada e fraca.

exames para ceratocone diagnostico acompanhamento topografia de cornea 230

A ceratoscopia computadorizada, videoceratoscopia, topografia corneana baseada em discos de Plácido ou a topografia de reflexão projeta uma série de anéis concêntricos na superfície anterior da córnea e usa dados quantitativos para gerar mapas coloridos.

A topografia de córnea representa uma verdadeira revolução no registro da córnea em imagens e é comprovado que é sensível na detecção de ectasia, mesmo antes de qualquer perda da melhor visão corrigida e antes do desenvolvimento de algum sinal clínico notável em lâmpada de fenda.

O ceratocone é classicamente identificado com um padrão topográfico típico de encurvamento inferior, mas também podem ser identificados outros padrões diferentes.

Geralmente, curvaturas corneanas acima de 47,2D são casos suspeitos de ceratocone.

Além disso, a assimetria nos valores da região superior e inferior (ou entre as áreas nasal e temporal) dentro de um raio de 3 mm são suspeitos de ceratocone quando são maiores que 1,4D.

Saiba mais sobre a topografia de córnea clicando aqui.

TOMOGRAFIA DE CÓRNEA

A topografia de córnea evoluiu para uma tomografia corneana em 3D ao adicionar medidas da córnea posterior e do mapa paquimétrico total da córnea.

As tecnologias que permitem esse estudo são a varredura em fenda, o Scheimpflug rotatório, o ultrassom de alta frequência e a tomografia de coerência óptica.

O Galilei, com análise de Scheimpflug dupla, combina a imagem com Scheimpflug com a topografia baseada em discos de Plácido, e o primeiro sistema de rotação por Scheimpflug foi o Pentacam.

TOMOGRAFIA CORNEANA SEGMENTAR OU EM CAMADAS

A evolução ainda maior da tomografia de córnea permitiu a caracterização de suas camadas individualmente, como o epitélio, camada de Bowman e membrana de Descemet.

A tomografia segmentar ou em camadas começou primeiramente com as medidas da espessura do epitélio com o ultrassom de altíssima frequência. O papel das medidas do epitélio corneano foi destacado em diferentes condições oftalmológicas, especialmente no campo da cirurgia refrativa e na investigação de doenças ectásicas. É uma ferramenta valiosa para identificar o ceratocone, mesmo em formas leves da doença.

A tecnologia do OCT pode fornecer um mapa de espessura epitelial estendido que, juntamente com os índices epiteliais, pode detectar o ceratocone em estágios mais leves. Além disso, um novo índice de rugosidade da Bowman foi proposto recentemente e parece ter um bom desempenho na detecção do ceratocone.

ABERROMETRIA

A aberrometria ocular é uma tecnologia que oferece informações sobre o estado refrativo do olho. Embora seja usada comumente para avaliação das aberrações de baixa e alta ordem e para o planejamento da cirurgia refrativa guiada por wavefront, o interesse na investigação das aberrações de alta ordem nas doenças corneanas, incluindo o ceratocone, aumentou consideravelmente.

O astigmatismo irregular resultante da distorção da córnea está associado a uma queda na qualidade óptica da córnea e a um aumento substancial das aberrações de alta ordem, especialmente o coma.

CORVIS ST – AVALIAÇÃO DA BIOMECÂNICA DA CÓRNEA

O Corvis ST é um aparelho que realiza um exame dinâmico no qual ocorre a aplicação de um pulso de ar e, em seguida, a análise da deformação da córnea.

Apresenta alta acurácia para distinguir olhos normais e casos suspeitos ou com ceratocone, mesmo nos casos mais leves.

Também fornece medidas confiáveis da pressão intraocular, avaliação dos resultados do crosslinking e considerações para a triagem de candidatos a cirurgia refrativa.

Hoje, no Brasil, está disponível apenas em alguns grandes centros e sua acessibilidade é limitada.

TESTE GENÉTICO PARA ESTIMAR RISCO DE CERATOCONE

Quando os testes diagnósticos resultam na classificação como uma córnea suspeita de ceratocone, testes adicionais podem ser realizados para complementar os achados clínicos iniciais.

Um teste genético (Avagen) está disponível em outros países na forma de swab oral para investigar o risco relativo do paciente desenvolver ceratocone.

A etiologia do ceratocone é considerada multifatorial, o que significa que muitos genes e fatores ambientais podem influenciar na manifestação dessa doença.

Quanto mais genes estiverem presentes, maior o risco pode se tornar na presença de condições ambientais, como coçar os olhos ou realizar cirurgia refrativa corneana.

Embora os resultados produzidos por um teste genético indicando alto risco possam não confirmar nem descartar o diagnóstico de ceratocone, eles podem ajudar a tomar decisões clínicas baseadas na análise genética.

Artigo escrito pelo Dr. Matheus Sticca. Este site tem caráter meramente informativo e não substitui as orientações fornecidas pelo seu oftalmologista.