Oftalmologista Dr. Matheus Sticca

Sinais de Alerta e Achados Típicos do Ceratocone

A importância do diagnóstico precoce

O elemento mais crítico do manejo moderno do ceratocone é a habilidade de diagnosticar a doença precocemente.

Isso é importante para classificar o estágio da doença e acompanhar adequadamente o paciente ao longo do tempo.

Quanto mais precoce for diagnosticada a progressão da doença, mais cedo o paciente pode ser tratado com crosslinking da córnea para prevenir a piora da visão e preservar a qualidade de vida.

A progressão do ceratocone pode ser rápida e o atraso no tratamento, mesmo que de alguns meses, pode resultar em piora da doença.

A habilidade de identificar a necessidade de realizar exames adicionais pode ser desafiadora, uma vez que os sinais precoces da doença são subclínicos.

Portanto, é crucial lembrar de alguns sinais de alerta e utilizar dispositivos diagnósticos sofisticados para descobrir e monitorar a doença.

SINAIS DE ALERTA

Nem todos os oftalmologistas têm disponíveis no dia a dia instrumentos de tecnologia avançada para diagnosticar e tratar o ceratocone.

No entanto, existem alguns sintomas e sinais clínicos bem estabelecidos que devem alertar o médico e indicar a necessidade de investigar o ceratocone.

Começando pela história do paciente, pacientes que se queixam de visualizar múltiplas imagens, associadas a outras queixas como borramento intenso ao dirigir à noite.

Eles também podem relatar problemas alérgicos ou atópicos, como eczema, dermatite, rinite e asma.

Os pacientes geralmente têm o hábito de coçar os olhos intensamente e podem relatar a necessidade de trocar frequentemente o grau de seus óculos ou lentes de contato.

O histórico médico do paciente deve incluir a investigação de condições relacionadas ao tecido conectivo, como síndrome da pálpebra frouxa, apneia do sono, síndrome de Down, síndrome de Marfan ou síndrome de Ehlers-Danlos.

ACHADOS TÍPICOS DE CERATOCONE

Existem numerosos sinais clínicos que podem ajudar no diagnóstico de ceratocone:

  1. A refração automatizada e a ceratometria podem mostrar alto astigmatismo, curvatura aumentada da córnea em um eixo oblíquo ou contra à regra, ou fornecer valores errôneos devido à irregularidade da córnea.

  2. A retinoscopia pode revelar o reflexo em tesoura ou o reflexo em gota de óleo no ápice da córnea.

  3. A refração pode ser desafiadora em alguns casos de ceratocone, e a melhor visão alcançada com óculos pode ser reduzida.

  4. O exame com lâmpada de fenda pode ser normal, mas em casos moderados e avançados de ceratocone podem ser observadas estrias de Vogt, anel de Fleischer e cicatrização parcial da córnea. Casos avançados podem apresentar o sinal de Munson, que é a protrusão da pálpebra inferior quando o paciente olha para baixo devido ao formato cônico da córnea.

Quando um ou mais sinais clínicos estão presentes, especialmente quando associados a um achado suspeito ou sinal de alerta no histórico médico, o teste para diagnóstico pode ser muito útil para confirmar a suspeita.

LIMITAÇÃO DOS TESTES MAIS BÁSICOS

A detecção do ceratocone depende da sensibilidade do método diagnóstico utilizado.

Testes mais básicos que dependem dos sintomas de alteração visual, mudança anormal da refração, alterações na ceratometria, retinoscopia e achados na biomicroscopia são tipicamente clássicos da doença, mas todos apresentam o problema de serem detectados em fases mais avançadas do ceratocone.

Na maioria desses casos, a visão já está comprometida.

Com o desenvolvimento de tecnologias avançadas capazes de detectar o ceratocone com alta sensibilidade e especificidade antes da perda da visão, juntamente com a capacidade de controlar a progressão da doença por meio do crosslinking, agora podemos preservar a visão.

Artigo escrito pelo Dr. Matheus Sticca. Este site tem caráter meramente informativo e não substitui as orientações fornecidas pelo seu oftalmologista.