Oftalmologista Dr. Matheus Sticca
O tratamento do ceratocone raramente é considerado uma emergência médica, que corresponde aos casos que necessitam de tratamento imediato.
A exceção é a hidrópsia aguda da córnea (ou ceratocone agudo), que é uma complicação ocasionalmente devastadora para pacientes com ceratocone avançado.
A córnea é composta por cinco camadas, sendo que o estroma ocupa a maior parte da córnea e a membrana de Descemet é uma das camadas mais profundas.
Na hidropsia aguda, ocorre uma ruptura na membrana de Descemet, permitindo que o líquido do interior do olho (humor aquoso) infiltre no estroma, resultando em inchaço (edema).
Isso leva a uma diminuição intensa da visão devido ao inchaço e embranquecimento da córnea. Além disso, pode haver vermelhidão, desconforto, sensação de areia nos olhos e sensibilidade à luz (fotofobia).
A hidropsia da córnea é mais comum em casos avançados de ceratocone e em pacientes com síndrome de Down e outras deficiências intelectuais, possivelmente devido a um ato mais vigoroso de coçar os olhos nesses pacientes.
Frequentemente, a hidropsia vai resultar numa cicatriz extensa da córnea. Se a cicatriz estiver localizada no eixo visual, vai resultar numa piora importante da visão.
É importante que o paciente seja acompanhado por um oftalmologista para tentar prevenir ou, pelo menos, reduzir a cicatrização e a reação inflamatória associada, que pode levar ao desenvolvimento de neovascularização.
A neovascularização da córnea não é desejada pois aumenta o risco de rejeição em um eventual transplante de córnea.
O tratamento varia de acordo com cada caso, mas pode incluir oclusão, uso de lentes de contato terapêuticas, colírios ou pomadas hipertônicas para reduzir o edema.
Além disso, é importante agir para diminuir a inflamação, prevenir infecções e evitar perfuração ocular, já que a córnea fica bastante frágil.
Geralmente, o caso é tratado clinicamente, com o uso das medicações e aguardando a regressão do edema, que pode levar semanas ou até meses.
Em situações persistentes, outras opções podem ser consideradas, como a injeção de gás ou ar na câmara anterior ou a sutura do rasgo na membrana de Descemet.
Normalmente, o transplante de córnea não é recomendado na fase mais aguda da hidrópsia. Ele é reservado para casos muito persistentes, nos quais os outros tratamentos não tiveram sucesso.
Artigo escrito pelo Dr. Matheus Sticca. Este site tem caráter meramente informativo e não substitui as orientações fornecidas pelo seu oftalmologista.