Oftalmologista Dr. Matheus Sticca
As lentes esclerais são lentes rígidas gás permeáveis com um diâmetro maior, que não entram em contato com a córnea e se apoiam na esclera (parte branca do olho).
O líquido que preenche o espaço entre a lente e a córnea ajuda a corrigir irregularidades na córnea e proporciona lubrificação e proteção para o olho.
Ao serem colocadas no olho, essas lentes se mantêm centralizadas e estáveis, não se movimentando.
Além disso, elas oferecem conforto ao se apoiarem na esclera, que possui menos terminações nervosas.
As lentes esclerais podem melhorar a visão, o conforto e a qualidade de vida de muitos pacientes que sofrem de doenças graves e debilitantes na superfície ocular.
Quando são indicadas corretamente, essas lentes se tornam uma excelente opção para esses casos.
A IMPORTÂNCIA DE UMA ADAPTAÇÃO ADEQUADA
A adaptação de lentes esclerais não é simples e envolve a avaliação de vários parâmetros importantes.
Muitas vezes, são necessários diversos ajustes para garantir que a adaptação seja saudável e que os efeitos colaterais que naturalmente surgem com o uso sejam minimizados.
O oftalmologista responsável pela adaptação das lentes esclerais precisa prestar atenção a parâmetros como a compressão dos vasos sanguíneos, o encaixe adequado na esclera, o contato com a região periférica da córnea e a distância entre a lente e a córnea para evitar toques indesejados.
Portanto, caso o paciente opte pelas lentes esclerais, é importante realizar a adaptação com um profissional experiente, tanto na adaptação em si quanto nos ajustes necessários. Esse profissional deve saber reconhecer possíveis complicações e estar disponível para reavaliar o olho do paciente, uma vez que as consultas de acompanhamento devem ser mais frequentes.
CUIDADOS QUE DEVEM SER TOMADOS
O maior problema relacionado ao uso das lentes esclerais está relacionado à oxigenação da córnea, que pode ser reduzida.
Para minimizar esse efeito, é necessário que o paciente troque o líquido do reservatório da lente em intervalos regulares ao longo do dia.
É importante destacar que o usuário de lente escleral não deve utilizá-la o dia todo sem fazer a troca do líquido do reservatório. Caso contrário, isso pode acarretar sérias consequências para a saúde ocular e visual a longo prazo.
Não é incomum encontrar pacientes que tenham utilizado lentes mal ajustadas ou as tenham usado de maneira inadequada, resultando em comprometimentos significativos na saúde da córnea, que terão impactos tanto a curto quanto a longo prazo.
QUANDO UMA LENTE ESCLERAL É INDICADA?
A principal indicação das lentes esclerais é para o tratamento de ceratocone e outras condições corneanas, como degeneração marginal pelúcida e ectasia pós-LASIK.
Elas também podem ser utilizadas em crianças e jovens, desde que haja uma indicação adequada (veja ceratocone pediátrico).
As lentes esclerais são uma opção quando há desconforto ou instabilidade com o uso de lentes rígidas gás permeáveis corneanas.
Normalmente, as lentes esclerais são recomendadas para casos avançados de ceratocone, nos quais há um significativo encurvamento e afinamento corneano, além de opacidades e cicatrizes.
Para esses pacientes, as lentes esclerais podem proporcionar uma melhoria significativa na qualidade de vida, permitindo que realizem suas atividades diárias, evitando assim a necessidade de um transplante de córnea.
Além do ceratocone, as lentes esclerais também podem ser adaptadas em pacientes que passaram por procedimentos como crosslinking, implante de anel intraestromal ou transplante de córnea.
Outras indicações para o uso das lentes esclerais incluem:
Artigo escrito pelo Dr. Matheus Sticca. Este site tem caráter meramente informativo e não substitui as orientações fornecidas pelo seu oftalmologista.